ATA DA
SEPTUAGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
NONA LEGISLATURA, EM 11.08.1987.
Aos onze dias
do mês de agosto do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala
de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Septuagésima Oitava Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da
Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência
de “quorum”, o Sr. Presidente declarou os trabalhos abertos e determinou que
fossem distribuídos em avulsos cópias da Ata da Septuagésima Sétima Sessão
Ordinária que deixou de ser votada em face da inexistência de “quorum”. À MESA
foram encaminhados: pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 02 Pedidos de Informações,
acerca do conteúdo do processo n.º 216.641, provavelmente em tramitação pela
SMOV ou SPM; acerca da restauração do prédio do gasômetro e a sua utilização
como Museu do Trabalho e Centro de Preparação de mão-de-obra; pelo Ver. Aranha
Filho, 01 Pedido de Providências, solicitando que a SMAM estabeleça um Convênio
com a Secretaria de Educação e Cultura do Estado, visando à construção de uma
cerca ou muro circundante ao prédio de Educação General Flores da Cunha,
localizado na Av. Osvaldo Aranha, procurando preservar a estética paisagística
da área; pelo Ver. Artur Zanella, 01 Pedido de Providências, solicitando que,
aproveitando as máquinas que atuam no acesso da Câmara dos Vereadores, seja
asfaltado, também, o acesso ao restaurante do Parque Maurício Sirotsky
Sobrinho; pelo Ver. Clóvis Brum, 01 Projeto de Lei do Legislativo n.º 67/87
(proc. n.º 1718/87), que autoriza concessão de pensão à viúva do ex-funcionário
(CC) da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ruy Jader de Carvalho; pelo Ver.
Nilton Comin, 01 Pedido de Informações, acerca do recolhimento de lixo no
Município; pela Ver.ª Teresinha Irigaray, 01 Pedido de Informações, acerca do
“trailer” parado no pátio interno em frente à Câmara Municipal de Porto Alegre.
Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios n.ºs 86/87, do Sr. Comandante do Corpo de
Bombeiros desta Capital; 442; 446; 450; 447; 451; 448/87, do Sr. Prefeito
Municipal; 209/87, do Sr. Diretor-Presidente da Companhia Carris
Porto-Alegrense; Telex do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Santos, SP; do
Senador José Ignácio Ferreira. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Clóvis Brum abordou o
problema da habitação em nossa Capital e em todo o Rio Grande do Sul,
principalmente no que tange à classe menos privilegiada, solicitando que a
COHAB cumpra os seus compromissos com a população de baixa renda. Disse que vai
solicitar à Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação da Casa para que
convide o Dr. Adroaldo Gonzatti a falar sobre as invasões de conjuntos
habitacionais no Município e sobre a venda, a empresas privadas, de terrenos ao
lado da Vila Farrapos que deveriam ser destinados a habitações populares. O
Ver. Lauro Hagemann comentou notícia veiculada na imprensa, de que os mandatos
municipais poderiam vir a ser prorrogados. Disse ser contrário a esta
prorrogação, tendo em vista que no sistema republicano a renovação dos mandatos
constitui a própria essência do processo político-democrático. O Ver. Kenny
Braga discorreu sobre as lutas empreendidas pelas camponesas pela reforma
agrária, analisando os problemas enfrentados pelo setor agrícola em nosso País.
Disse encontrar-se a situação dos colonos sem-terra em um ponto limite que,
caso não tenha uma solução urgente, acarretará graves confrontos armados entre
estes colonos e os latifundiários brasileiros. Criticou a forma como vem sendo
encaminhado, pelos órgãos responsáveis, a questão da reforma agrária no Brasil.
O Ver. Flávio Coulon teceu comentários sobre pesquisa publicada no Jornal Zero
Hora, dia nove do corrente, acerca da forma como é vista, pelo povo gaúcho, a
atuação de nossos políticos, discorrendo sobre os vários aspectos envolvidos na
questão e ressaltando a necessidade de sérias reflexões a respeito da imagem
negativa da classe política observada nos resultados desta pesquisa. A seguir,
o Sr. Presidente registrou a presença, no Plenário, dos Senhores Ivan Ferreira
e Paulo Pereira e Silva, Assessores do Vice-Prefeito de Porto Alegre. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Raul Casa falou sobre comentários feitos pelo
Jornalista José Barrinuevo em sua coluna no Jornal Correio do Povo, onde são
criticados os serviços prestados pela CEEE e pela CRT, concordando com as
críticas ali efetuadas, em especial quanto à CRT e destacando o alto preço
tarifário cobrado por esta Companhia. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Frederico
Barbosa comentou idéia que lançou nesta Casa, de uma campanha para o patrocínio
das sinaleiras da Cidade por firmas particulares, salientando o estado precário
em que se encontram estas sinaleiras e os prejuízos que isso acarreta à
população. Discorreu sobre Projeto do Executivo em tramitação pela Casa, de
criação de um gabinete para o Vice-Prefeito de Porto Alegre, apoiando o mesmo.
O Ver. Hermes Dutra falou sobre a legislação hoje vigente acerca da
possibilidade de reeleição dos Executivos Municipais, Estaduais e da Presidência
da República, especialmente no que se refere ao período de descompatibilização
necessário para que seja viabilizada esta reeleição. Atentou para os problemas
enfrentados pela Cidade com os alagamentos que ocorrem sempre que chove em
Porto Alegre, questionando os motivos pelos quais ainda não foi implantado
projeto aprovado pela Casa, de reestruturação do DEP, que tinha por objetivo
dar a este departamento as condições necessárias para combater as dificuldades
decorrentes das chuvas. Defendeu a criação de uma empresa única para tratar do
lixo e esgotos pluvial e cloacal. Ainda em COMUNICAÇÃO de LÍDER, o Ver. Cleon
Guatimozim, salientando os alagamentos que sempre são enfrentados por Porto
Alegre resultantes das chuvas, falou sobre as melhorias realizadas pelo DEP na
busca de uma modificação deste quadro. Teceu comentários sobre o trânsito no
Município, destacando providências que estão sendo tomadas pela SMT a respeito.
O Ver. Flávio Coulon reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Frederico
Barbosa, acerca do sistema de sinalização em nossa Cidade, considerando-se
favorável à idéia da manutenção das sinaleiras pelas empresas privadas, mas
atendendo para a necessidade de que sejam ouvidos os órgãos competentes quanto
aos prejuízos que isso pode acarretar ao meio ambiente. Nada mais havendo a
tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quinze horas e quarenta e
nove minutos, convocando os Senhores Vereadores para as Reuniões das Comissões
Permanentes e para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Teresinha
Irigaray e Jaques Machado e secretariados pelos Vereadores Frederico Barbosa e
Jaques Machado. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse
lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores
Presidente e 1ª Secretária.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha): Comunicações.
Com a palavra, o Ver. Mano José. Ausente. Com a palavra, o Ver. Clóvis
Brum pelo tempo que lhe cede o Ver. Luiz Braz.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, acho que a Companhia de Habitação do Rio Grande do Sul, a COHAB,
tem que resgatar o seu endividamento social para com as populações de baixa
renda deste Estado, notadamente de Porto Alegre.
Esta Casa fez uma Lei alterando o Plano Diretor, transformando as áreas
lindeiras da Vila Farrapos, de áreas industriais, em áreas de recuperação
urbana, a fim de viabilizar a que o Departamento Municipal de Habitação,
DEMHAB, e a própria COHAB pudessem realizar a urbanização e o loteamento das
áreas ali localizadas e ocupadas por cerca de seis mil famílias, mais de 30 mil
pessoas. A Companhia de Habitação do Estado vinha desenvolvendo a venda
daquelas áreas para empresas que ali se localizam. Hoje, a COHAB detém, ainda,
grande parte daquelas áreas. Se não for cobrada da COHAB a mudança de
comportamento e de filosofia de trabalho, continuará a COHAB, na certa,
vendendo as áreas para as empresas, quando ali residem mais de 30 mil seres
humanos que não têm onde fazer a sua casinha.
Faltou ao compromisso, atrasado, para hoje, às 9h da manhã, o
Presidente da COHAB. Espero que o Diretor Presidente da Companhia de Habitação
do Rio Grande do Sul trate com mais seriedade, com mais responsabilidade as
coisas da população de baixa renda desta Cidade e do Rio Grande do Sul com quem
nós assumimos compromissos na campanha de Pedro Simon, na última eleição. O Dr.
Gonzatti é ex-Prefeito da ARENA e deve ter uma atenção diligente para com
problemas da população. Se tiver uma reunião marcada com a comunidade, ele é
pago para lá comparecer. Não aceito que o Presidente da COHAB falte aos
compromissos com o povo, sob pena de pedir a sua substituição! Vamos tratar as
coisas sérias do Estado do Rio Grande do Sul! Não acredito que o Governador
Pedro Simon e que o Deputado Ivo Sartori vão permitir que tais fatos ocorram!
Tem o Presidente da COHAB uma explicação a dar a este Vereador e à população
das vilas populares que, através das entidades comunitárias, aguardavam S.Exa.
hoje na Vila Farrapos, para uma reunião. Faço o registro, num sinal de
consideração com a população, e na esperança de que o Presidente da COHAB ponha
a Casa em ordem! Os tempos mudaram e é necessário que a Presidência da COHAB
entenda que os tempos mudaram, que não é mais o tempo da ARENA, que estamos
vivendo outros dias, e a população tem que ser atendida, no mínimo, com a
presença do Presidente da COHAB! De maneira que a COHAB tem um débito social
muito grande para com a população de baixa renda de Porto Alegre. Vendeu grandes
áreas ao lado da Vila Farrapos. Negociou grandes áreas. E quando eu falo COHAB,
não me refiro à atual direção da mesma, eu me refiro à instituição e não ao
atual Presidente. Mas as administrações passadas, que venderam grandes áreas,
tiraram daquelas famílias áreas que deveriam ser consagradas em benefício das
mesmas. Não houve retorno às mais de trinta mil famílias que ali residem. Agora
darei um aparte ao Ver. Hermes Dutra, que foi um homem do Governo há muitos
anos, e, na certa, vai-nos esclarecer onde é que colocaram o dinheiro nas áreas
vendidas ao lado da Vila Farrapos pela COHAB.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu não poderia lhe dar esta informação, até porque
não tenho a capacidade que V. Exa. tem, por exemplo, de saber todos os atos do
Governo Simon. Mas eu tenho a impressão de que aquelas áreas do lado da Vila
Farrapos não foram vendidas. Há um problema na justiça de usucapião e havia até
uma idéia da COHAB de vender. A COHAB ainda tem boas áreas ali, de sua
propriedade, quem vai pela Av. A.J. Renner, à esquerda, entre o Bairro Humaitá
e a Vila Farrapos.
Mas o que eu queria era aproveitar o seu pronunciamento para me queixar
a V. Exa., que eu sei que é um homem sensível a estas coisas. Saiba V. Exa. que
eu passei 45 dias telefonando, não vou dizer diariamente porque é um pouco de
exagero, mas, seguramente, numa média de um dia sim outro não, ao Presidente da
COHAB, tentando levar a ele um assunto. Pois pasme V. Exa., mas, nenhuma vez,
ele se dirigiu a retornar a ligação. Então, eu desisti e levei o assunto ao
conhecimento do nosso comum amigo Mendes Ribeiro, Deputado do seu Partido, na
tentativa de ver se ele consegue uma solução. Então, é uma queixa amarga que
faço, porque ele, como ex-Prefeito, sabe que nós, Vereadores, precisamos ser
ouvidos, uma vez que somos procurados, diariamente, por uma infinidade de
pessoas que trazem seus problemas para resolvermos.
O SR. CLÓVIS BRUM: Acolho seu aparte.
Quero transmitir à Casa que vou formular um convite à Comissão de
Transporte, Turismo e Habitação, solicitando que seu Presidente, o Ver. Isaac
Ainhorn, formalize o convite através da Presidência, para que o Dr. Adroaldo
Gonzatti nos dê a satisfação de uma visita, para falar sobre as invasões que
estão ocorrendo em Porto Alegre o que se está fazendo com essas áreas, muitas
já foram vendidas e outras já têm, inclusive, no gabinete do atual Presidente
da COHAB, propostas para a compra, eis que não podem mais ser vendidas para
empresa; a idéia é de usar essas áreas em benefício da população de baixa
renda, e esta é a finalidade da COHAB; negociar para grandes empresários se
constitui em outro departamento. De maneira que vamos contatar com a comissão
competente da Casa para que, através da Presidência da Câmara de Porto Alegre,
convide-se o Dr. Adroaldo, a fim de comparecer à Casa e dar as explicações que
deve ao Município de Porto Alegre, não só porque aqui é sede da COHAB, não só
porque no território do Município há muitas construções da COHAB, não sabemos
qual a situação de impostos da COHAB para com o Município, não sabemos o que
ele pretende fazer com as áreas de recuperação urbana, hoje de propriedade da
COHAB, localizadas ao lado da Vila Farrapos. Toda essa gama de informações
vamos receber do Dr. Adroaldo, na certeza de que ele haverá de justificar não
só essa falta de atenção para com os Vereadores, na qual me somo, como também o
não-comparecimento ao compromisso assumido com a comunidade de baixa renda.
Estou usando o termo “de baixa renda”, Sr. Presidente, porque, efetivamente,
não concebo nem DEMHAB, nem COHAB atuando para pessoas ou famílias que não
sejam de baixa renda. De maneira que estou certo de que a filosofia da COHAB,
ou do Dr. Adroaldo, deverá ser mudada em função das necessidades do Rio
Grandes, das famílias de baixa renda, da filosofia do Governo Pedro Simon e dos
compromissos assumidos nas praças públicas, os quais teremos que fazer um
grande esforço e honrá-los e cumpri-los. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro
Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Há dias venho ouvindo algumas notícias, que eu prefiro chamá-las
“notícias”, ao invés de boatos, de que os mandatos municipais poderão vir a ser
prorrogados. Digo que quero deixar muito claro minha posição, desde agora, com
relação a essas notícias. Sou frontalmente contrário à prorrogação dos mandatos
municipais. É possível até que existam alguns setores que desejam esta
prorrogação e é explicável: na atual conjuntura, os Deputados Constituintes que
foram eleitos no ano passado tiveram imensas dificuldades nas suas respectivas
eleições e muitos até não se reelegeram, os antigos detentores de mandatos
parlamentares federais. A Assembléia Legislativa teve uma renovação impressionante,
e muitos dos antigos detentores dos mandatos estaduais não se reelegeram e se
sabe que uma das causas desse insucesso ou desses insucessos foi atribuído ao
fato da desoneração da eleição municipal, porque o que se pretende é
transformar os candidatos a Vereadores ou Vereadores em cabos eleitorais
privilegiados dos Deputados Estaduais ou Federais.
Ma não é sobre este aspecto formal que eu quero deter ou deter-me, é
sob o aspecto político. Os mandatos dos Vereadores em nível nacional já foram
por duas vezes prorrogados, em 1980 se encerrava o mandato de quatro anos e os
Vereadores tiveram seus mandatos prorrogados por mais dois anos. O atual
mandato dos Vereadores é de seis anos. Portanto, nós temos praticamente duas
prorrogações e, no sistema republicano, a renovação periódica e, quanto mais
periódica for, transforma-se na essência do sistema. Por isso, acredito que as
populações em nível municipal não receberão com nenhum carinho a prorrogação
dos atuais mandatos, seria uma excrescência política transformarem os atuais
mandatos de seis ano num mandato de 8 anos, por exemplo. Não se concebe que uma
comunidade não tenha renovado seus representantes populares com a periodicidade
com que estava habituada a fazê-lo, isto é, de 4 em 4 anos. Por isso, Srs. Vereadores,
o meu pronunciamento é brevíssimo. Sou frontalmente contrário à prorrogação dos
atuais mandatos de Vereadores e Prefeitos.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, antes de dar propriamente uma aparte
ao discurso de V. Exa., ousaria fazer uma pergunta a V. Exa., e a pergunta é a
seguinte: quando que V. Exa. acha que haverá eleições para Presidência da
República?
O SR. LAURO HAGEMANN: Eu acredito que teremos
eleições presidenciais no ano que vem.
O Sr. Aranha Filho: Então, a partir de agora,
faço o aparte ao pronunciamento de V. Exa. Eu, particularmente, entendo que as
eleições para Presidente da República acontecerão em 1989. Neste exato momento,
acredito que os mandatos dos Vereadores do Brasil, dos Prefeitos brasileiros,
serão prorrogados por mais um ano porque, se isto não acontecer, acontecerão
eleições em 1988, 1989 e 1990, e o argumento é o alto ônus, pelo menos do que
estou entendendo, ao mesmo tempo, se fizermos uma eleição somente para Presidente
da República em 1989, pergunto como os eleitores irão se influenciar, serão
tomados pelo clima de uma eleição, simplesmente com 8, 9, 10, 12 candidatos a
Presidente da República?
Então, calculo que, se por acaso a eleição a Presidente da República
acontecer em 1989, certamente os mandatos dos Vereadores e dos Prefeitos serão
estendidos até 1989. E mais: acredito que os maiores lobistas, nessa história
toda, são justamente os Prefeitos de 3 anos, os Prefeitos das Capitais, os
Prefeitos considerados da área de segurança nacional e das estâncias
hidrominerais. Quer dizer, é um forte “lobby”, nobre Vereador. Eu sinceramente
não analisei ainda, estou sob reticências, mas os argumentos são muito fortes,
o “lobby” é muito grande e, sinceramente, existe um “lobista” que eu conheço,
um Prefeito de Capital que diz assim: é antidemocrático, mas é a única solução.
O SR. LAURO HAGEMANN: Recolho o aparte do nobre
Ver. Aranha Filho, dizendo que fiquei preocupado com a primeira parte, mas me
tranqüilizei um pouco quando V. Exa. diz que ainda não analisou detidamente o
assunto e, portanto, não tem uma posição definida.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Sou a favor da prorrogação, mas de uma prorrogação
técnica. Acho que tem que prorrogar por um dia, porque é dose a posse no dia 1º
do ano, não em cabimento. Acho que o legislador tem que se dar conta de que
somos pessoas humanas. Imagine, normalmente, as pessoas fazem festa em família,
ou festas sociais e, no outro dia, aquele compromisso de posse de Prefeito, de
posse de Vereador. Quero-me manifestar favorável à prorrogação de um dia. Nosso
mandato termina no dia 31, então, terminaria no dia 1° e os novos assumiriam no
dia 2, tranqüilamente, sem problema nenhum.
O SR. LAURO HAGEMANN: O aparte e o argumento de V.
Exa. me conforta. Posso até admitir a prorrogação por 2 dias, se estes dias 2
caírem num fim de semana, por exemplo. Mas não se trata disso, nobre Vereador.
Eu acho que a exaustão política de um mandato demasiadamente prolongado afeta
gravemente o processo de renovação. O processo republicano propriamente dito.
Eu sei que existem argumentos de ordem política que não vou estendê-los aqui,
que estão subsidiando a argumentação em favor da prorrogação dos mandatos. E
estes argumentos são de natureza essencialmente política. Mas quero dizer que a
minha posição e de meu Partido é esta. Portanto, amanhã ou depois, quando se
vier, por acaso, a prorrogarem os mandatos, eu invocarei a posição assumida,
hoje, nesta Casa, de extrema clareza, contrariamente à prorrogação dos mandatos
municipais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray): Com
a palavra, o Ver. Kenny Braga.
O SR. KENNY BRAGA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores. Posso ter cometido vários pecados ao longo de minha vida, mas
jamais cometi o pecado da alimentação, alienação como sinônimo de indiferença e
alienação como sinônimo de comodismo. Por isso, através dos anos, venho
acompanhando a luta incessante da classe trabalhadora dos campos e das cidades
no sentido de alcançar a sua libertação. Lembro, com muita saudade, da época em
que era estudante e que me engajei, como milhares de brasileiros, no movimento
para efetivação da concretização das reformas de base preconizado pelo legítimo
governo democrático do Presidente João Goularte. Éramos milhares de jovens nas
ruas levando a mensagem renovadora, pregando a necessidade de reformas de base
que tirasse o País do atraso secular em que se encontra até hoje, pois, naquela
época, uma das reformas mais comentadas era, sem dúvida nenhuma, a reforma
agrária. E a reforma agrária era, sobretudo, liberada por um grande Deputado,
por um grande brasileiro, que, por isso, amargou anos de exílio, o grande
parlamentar Francisco Julião, organizador das ligas lutas camponesas. Isso
aconteceu há mais de 20 anos; há mais de 20 anos as massas camponesas
exploradas, neste País, lutam pela concretização da reforma agrária e têm, para
isso, o apoio dos partidos progressistas, políticos progressistas, políticos progressistas
e dos segmentos progressistas dos campo e da cidade. No entanto há, neste País,
uma força conservadora tremenda que impede que o País avance e que impede as
reformas de base de que este País precisa, entre as quais a reforma agrária.
Ontem, eu tive a oportunidade de ouvir, em plena Praça da Matriz, em
Porto Alegre, defronte ao Palácio Piratini, a palavra de ordem dos agricultores
sem-terra do Rio Grande do Sul. E eu lhes confesso que, naquele momento, eu
senti pena da minha geração e do meu País, porque, provavelmente, a minha
geração e o meu País não terão a felicidade de ver, pela via pacífica, a
concretização de reformas fundamentais e entre elas a reforma agrária. E, ao
ouvir o grito dos colonos, eu fiquei realmente assustado, porque não sou alienado
e porque tenho muito a ver com o que acontece no campo, ao contrário de um
líder sindical que um dia desses, em um programa do Mendes Ribeiro, dizia que o
Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo não tinha nada a ver a reforma agrária
e ele como líder sindical não tinha nada a ver com o movimento e a agitação nos
campos. Ao contrário deste líder sindical, pelego, idiota, eu digo aqui, na
Câmara, que nós, Vereadores, temos tudo a ver com a reforma agrária, porque se
nós não solucionarmos os problemas do campo, a cidade sofrerá conseqüências
imprevisíveis e até mesmo conseqüências catastróficas.
O movimento dos sem-terra no Rio Grande do Sul chegou ao máximo da
tolerância, ao nível máximo da suportabilidade e, certamente, nos encaminhamos
para um confronto armado no campo, diante da absoluta inação das autoridade
federais e dos órgãos encarregados de executar a reforma agrária que as classes
trabalhadores do campo preconizam há mais de 20 anos.
Ontem os agricultores sem-terra diziam: “nós queremos terra ou guerra”.
Esta, evidentemente, é uma posição radicalizada. É a posição exatamente oposta
à posição radicalizada assumida pelos latifundiários e que tem o apoio de
políticos tradicionais e conservadores que não se comovem diante da miséria,
diante da ignorância, diante da pobreza que lavram nos campos do Brasil. É
porque organizações paramilitares e fascistas como a UDR, que tem apoio
político e apoio em dinheiro, são contra este tipo de organização que os
trabalhadores do campo estão perdendo a paciência. E porque não sou alienado
quero deixar aqui um alerta que pode ser um simples registro para os Anais da
Câmara Municipal de Porto Alegre de que, se nós chegarmos a um confronto armado
nos campos do Rio Grande do Sul, as responsáveis diretas por esse confronto
serão as autoridades deste País, entre as quais o chamado Ministério do
Desenvolvimento da Reforma Agrária e outros órgãos inúteis, da burocracia, da
tecnoburocracia instalada no País que nada faz para concretizar a reforma
agrária e para assentar milhares de agricultores sem-terra do campo brasileiro.
E responsabilizo, também, o Governo do Rio Grande do Sul, o Governo do PMDB,
afinado com o Governo da Nova República, e que nada faz, objetivamente, para
resolver os problemas dos sem-terras do Rio Grande do Sul.
O Sr. Pedro Simon, como aconteceu diante da situação dos professores
que fizeram uma greve de 90 dias, lava as mãos diante do problema da terra e
nada faz efetivamente para resolvê-la. E chega ao ridículo de um Deputado do
PMDB dizer, hoje, no jornal, Deputado Erani Müller, que provavelmente o
Exército concordará em abrir mão das suas terras porque o Senador José Richa do
seu Partido é muito amigo do Ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves.
Vejam bem como se colocam as coisas neste País. Para se fazer uma
reforma agrária, Ver. Lauro Hagemann, necessária, absolutamente necessária e
justa, é necessário que haja a intervenção de um Senador do PMDB que é amigo do
Ministro do Exército. E é assim que se levam as coisas nesta medíocre
república, cuja memória, cujo desaparecimento jamais alguém poderá lamentar.
Então, os latifundiários do Rio Grande do Sul, num primeiro momento,
agiram coordenadamente e com o apoio do aparelho repressivo aqui no Rio Grande
do Sul, tiveram o apoio ostensivo, inclusive, do aparelho repressivo que está
montado aqui no Rio Grande do Sul. Foram corridos, foram espezinhados e foram
espancados diante das câmeras de televisão, dos fotógrafos e isto está
estampado em todos os jornais, todas as capas. Só que os agricultores sem-terra
do Rio Grande do Sul cansaram de apanhar e cansaram de ser espezinhados e
gritavam ontem na praça, sem auxílio de nenhum político tradicional, de nenhum
Partido tradicional, porque parece que nenhum Partido está interessado em fazer
reforma agrária - inclusive o meu - porque é muito fácil brincar de reformar
agrária e não se fazer nada para concretizá-la. Não me digam que o PMDB não
pode fazer reforma agrária, ele pode, porque ele tem a maioria dos integrantes
do Congresso Nacional; o PMDB tem quase todos os Governadores deste País; o
PMDB tem a maior máquina política já montada neste País e não faz absolutamente
nada.
Então, fiquei, ontem, como brasileiro e como homem originário do campo,
impressionado com o nível de radicalização que está se dando a esse movimento,
justamente porque as autoridades não fazem absolutamente nada para revolver a
situação de miséria, de pobreza e de constrangimento em que vivem os
trabalhadores do Rio Grande do Sul.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Kenny Braga, com relação à disposição de fazer
reforma agrária, eu queria dizer que há uns seis meses eu ouvi uma manifestação
do insuspeito José Lutzemberg sobre a desapropriação da Fazenda São Pedro, que
fica aqui no Município de Guaíba, onde ele, no alto de sua autoridade, dizia
que foi um erro a desapropriação daquela Fazenda, porque aquilo ali é terra
arenosa, imprópria para a pecuária extensiva e que aqueles agricultores não
teriam condições do sobreviver e que, daqui a quatro anos, estariam aumentando
o cinturão da miséria em Porto Alegre. Mas ele disse, sobretudo, uma coisa que
me chamou atenção e que eu só queria enriquecer o pronunciamento de V. Exa.:
governo que estiver interessado em fazer reforma agrária deve ler a “Zero Hora”
de domingo e comprar as terras que estão colocadas às venda nos classificados.
O SR. KENNY BRAGA: Só para terminar, Sr.
Presidente, Ver. Hermes Dutra, triste País este em que se discutem problemas
que foram solucionados há muitos anos, nos países civilizados do mundo, triste
País este em que precisamos insistir todos os dias em dizer que as pessoas
precisam das terras para trabalhar e para sobreviver.
Então, Vereador, o meu alerta é no sentido de que, se houver um
confronto no campo, a primeira autoridade a ser responsabilizada será o
Governador do Rio Grande do Sul, Governador Pedro Simon, e o Partido do
Movimento Democrático Brasileiro, que é majoritário no Congresso Nacional e
dono desta República, através do engodo e da fraude do Plano Cruzado, e esse
Partido objetivamente não faz nada para resolver a situação de miséria e de
constrangimento do homem do campo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, a Ver.ª
Jussara Cony, que cede seu tempo ao Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, o meu pronunciamento, hoje, vem na linha dos pronunciamentos dos
Vereadores Lauro Hagemann e, de certa maneira, ao do Ver. Kenny Braga. Conforme
ontem prometera, desta tribuna, vou fazer alguns comentários a respeito do
Caderno Especial, da “Zero Hora”, de domingo, onde o assunto principal foi “Em
baixa, o prestígio dos políticos”. Vejam que os dois oradores, aliás todos os
que me precederam, de certa maneira, trouxeram subsídios a este pronunciamento.
O Ver. Kenny Braga, demostrando que toda a linguagem, todo aquele discurso de
palanque, aquelas promessas, hoje, são letras mortas jogadas ao vento. O Ver.
Lauro Hagemann, levantando a possibilidade, já tramada por alguns políticos, de
haver prorrogação de mandatos de Prefeitos e Vereadores eleitos, Vereadores já
eleitos por mandatos totalmente atípicos, pois é de seis anos. E mais uma
razão: diz o Ver. Aranha Filho que os maiores "lobistas" são de meu
Partido”. Ouvi, ontem, do ilustre Deputado do PDT, alto e bom som, através de
uma rádio, que esse tipo de reportagem é do tipo de ter uma segunda intenção,
qual seja, a de denegrir a imagem e levar o País a um fechamento político. Ora,
o conceito que os gaúchos fazem de seus políticos é pouco lisonjeiro para a
classe. Uma pesquisa do IBOPE, encomendada por “Zero Hora”, revela que,
enquanto aproximadamente metade da população classifica de regular a atuação
dos políticos, um número surpreendentemente alto, 32%, escolhe a pior opção:
péssimo, para qualificar a atuação dos seus representantes. Outros 11%
escolheram a opção: ruim. Com o que 43% dos entrevistados dão qualificação
negativa. O resultado indica que apenas 2% dos entrevistados dão a qualificação
de ótima e 8% de boa a atuação dos políticos. Os homens são mais críticos do
que as mulheres de maneira geral. O prestígio cai ainda mais, na pesquisa,
quando os entrevistados respondem se concordam ou discordam com afirmações que
descrevem a atuação dos políticos em geral. Assim, os políticos são considerados
como homens que só fazem política em interesse próprio. E, mesmo os mais
honestos, depois de eleitos, acabam se corrompendo. Vejam a trágica porcentagem
dos que responderam que, mesmo os mais honestos, depois de eleitos, acabam se
corrompendo, mais de 50%, quase 60%, que não cumprem o que prometem, desfrutam
de muitas mordomias, que só se preocupam em defender os interesses dos grupos
que os ajudaram a se eleger, que só se lembram do eleitor na hora da eleição.
Mesmo assim os entrevistados consideram que os políticos são
necessários para uma boa administração do Estado e que tiveram um papel
importante na redemocratização do País.
É verdade. Sra. Presidente e Srs. Vereadores, que o tipo de pergunta é
daquele de concorda ou discorda de afirmações e são dadas aos entrevistados as
afirmações para ele responder, sendo essas perguntas já referidas: Fazem
política em interesse próprio? Tiveram papel importante na redemocratização do
País? Mesmo os mais honestos, depois de eleitos, acabam se corrompendo?
Preocupam-se com os interesses do povo? Não cumprem o que prometem? Desfrutam
de muitas mordomias? São necessários para uma boa administração do Estado? Só
se preocupam em defender o interesse daqueles que o ajudaram a se eleger? Só se
lembram do eleitor na hora da eleição?
Nesse elenco de perguntas, sendo seis negativas e só duas positivas, em
relação aos políticos, é óbvio que há uma certa distorção.
Mas é óbvio e é importante, e precisa ser ressaltado, que esse tema
traz profundas e grandes reflexões. O político não pode deixar de racionar em
cima desses números e não pode deixar de tomar em conta a interpretação feita
pelo jornal, através de seu editorialista Marco Biufield, que demonstra,
exatamente, que o Deputado que falou disse uma grande bobagem e não leu a reportagem
inteira, porque, ao terminar a interpretação, diz Marco: “Essa porém é uma
situação conjuntural, comprometida pela longa marginalização da área política.
Os números do IBOPE servem como alertamento, pois o papel reservado aos
políticos é intransferível. A eles compete, com sensibilidade e competência,
detectar as causas maiores da credibilidade comprometida. A sintonia com a
opinião pública é fundamental, ela que já viveu muitas experiências, rejeitou-a
e acreditou numa Nova República”.
É este justamente o sentido do meu pronunciamento, Sra. Presidente e
Srs. Vereadores, que teve a preocupação o jornal ao colocar esses número,
aparentemente tão terríveis, de preservar o Poder Legislativo, de preservar a
instituição Poder Legislativo, que está acima dos homens que a compõe
eventualmente. Teve a preocupação e esta é a preocupação, tenho certeza, desse
alertamento que é o de preservar a democracia. É de preservar os parlamentos
abertos, é de preservar as Casas do Povo abertas, de preservar estas tribunas
onde nós, neste momento, estamos tentando fazer chegar à democracia. É
importante que esses assuntos sejam levantados seriamente pela imprensa. É
importante que aqueles homens que pretendem prestigiar a classe política e, com
isso, prestigiar a democracia neste País se debrucem sobre esses números e
opiniões, porque é inegável que, independente de nós aqui irmos em busca das
causas, é inegável que o poder desgasta as pessoas. É inegável que o exercício
do poder traz um desgaste e é preciso que, neste exercício do poder, nós não
percamos nunca aquela estrela guia que é o prestígio e a opinião pública que
estão a abalizar e que estão a avaliar nossas ações dentro da função pública.
De modo que, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, ao contrário desta má-interpretação
que eu ouvi, e tenho ouvido em diversos lugares, porque sempre que o político
quer dar uma explicação para justificar as suas falhas, ele sempre apela no
sentido de que há um desgaste do poder. Estão se tentando desgastar o poder,
está se tentando desmoralizar o poder e, com isso, não fez a reflexão crítica
acima de uma realidade que, sem dúvida nenhuma, por mais tendenciosa que tenham
sido as perguntas, por mais desfavoráveis que tenham sido em relação aos
políticos, é inegável que elas refletem o sentimento popular.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Nobre Vereador, estou escutando V. Exa. com atenção e quero dizer que também me
impressionei com a pesquisa da “Zero Hora” no último fim de semana. E, ao fazer
uma análise da mesma, eu quase que incorri uma idéia óbvia. Realmente, a classe
política está com um desgaste muito grande. E, se lá em cima, em nível federal,
as coisas não andam bem, não é o PMDB, o PFL que andam mal, é toda a classe
política. Aqui, no Estado, idem. Se o Dr. Pedro Simon anda mal, não é o PMDB
que anda mal. Por via de conseqüência, idem na Prefeitura Municipal de Porto
Alegre. O Dr. Alceu Collares vai mal? Não anda bem a Administração? Toda a
classe política vai mal. Então, não me surpreendeu a pesquisa de “Zero Hora”. É
sabido, e nós que somos políticos temos que assimilar essa pesquisa que, na
minha opinião, era óbvio.
O SR. FLÁVIO COULON: Eu, realmente, Ver. Aranha Filho, penso um pouco
diferente de V. Exa. nesse setor, na minha análise, mas é que, de uma certa
maneira, esses números transcendem ao desencanto com o Poder Executivo em si, e
muito mais se referem aos homens do Poder Legislativo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa registra, com prazer,
as presenças do Dr. Ivan Ferreira e Dr. Paulo Pereira e Silva, assessores do
Vice-Prefeito, Dr. Glênio Peres. Sintam-se à vontade nesta Casa do Povo.
Liderança com o PFL, Ver. Raul Casa.
O SR. RAUL CASA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, quando companheiros e correligionários, integrantes da mesma sigla,
passam a criticar colegas seus do Executivo, é porque as coisas não andam bem.
E, realmente, não andam bem. O “Correio do Povo”, na coluna do jornalista José
Barrinuevo, tece alguns comentários sobre a atuação dentro da CRT e da CEEE,
com relação ao atendimento e aos péssimos serviços que, não é de hoje, Ver.
Flávio Coulon, prestam à comunidade. Realmente, os serviços das estatais CEEE e
CRT, nestes últimos dois meses, além da absurda, da escandalosa tarifa que não
sofreu congelamento, estão, no que se refere à manutenção, realmente a merecer
um reparo, uma crítica, não apenas de adversários políticos, mas também dos
próprios correligionários da Administração do Sr. Pedro Simon, como é o caso da
manifestação da tribuna feita pelo Ver. Mendes Ribeiro Filho. Realmente, tive,
há algum tempo atrás, há mais de um ano, o ensejo de adquirir um serviço
telefônico lançado pela CRT, para uma propriedade minha nas cercanias de Porto
Alegre. É simplesmente uma vergonha o serviço, diga-se de passagem e a bem da
verdade, instalado e criado na administração anterior, que é o sistema RENAC. É
uma telefonia rural, sem fio, mas que deveria ter em cada tronco 38 assinantes
e, hoje, sendo três troncos, já tem mais de 200 assinantes. Então ninguém
consegue falar, ninguém consegue absolutamente nada, mesmo porque a CRT
colocou, num desses ramais, uma rede de supermercados que mantém rigorosamente
ocupado o sistema. Ora, quem precisa se utilizar deste serviço fica sem opção
e, nos fins de semana, é um desastre, porque o sistema também atende às praias.
Eu queria, daqui, fazer uma apelo à administração da CRT para que, ou instale
mais troncais com relação a este importante serviço; porque é um serviço novo,
que tem tudo para merecer o crédito da população, criando novas linhas, novas
mesas, ou, então, que a população se previna. E o serviço é caríssimos. Só para
se manter o telefone, hoje, está mais de Cz$ 1.500,00, sem a utilização. Então,
gostaria de deixar registrado o nosso protesto contra o péssimo serviço que
está sendo apresentado pela CRT, porque, realmente, não mudou nada, continua
com os mesmo vícios e cacoetes da administração anterior, bem como os serviços
da CEEE, que, além de péssimo e caros, estão aí a demonstrar a inanição e a
anemia que estas empresas sofrem com um visível prejuízo para a nossa
população. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: O Ver. Jorge Goularte cede
seu tempo ao Ver. Frederico Barbosa, que tem a palavra.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, uma das
preocupações que venho trazendo a esta tribuna constantemente é com relação ao
problema de sinalização em nossa Cidade. Nesse sentido, já entreguei ao
Prefeito Municipal de Porto Alegre. Dr. Alceu Collares, algumas idéias com
referência à criação de um novo sistema de sinalização diante das escolas e
também a idéia de que o Prefeito acione - e senão desejar fale pessoalmente - a
legislação no sentido de que tenhamos o “adote uma sinalização”; diga-se de
passagem, o Executivo Municipal está de mãos dadas com o “adote”, eis que
existe o “adote uma praça” e até mesmo, segundo consta, e como o Projeto
tramita nesta Casa, vai adotar o gabinete do Vice-Prefeito, que, durante tanto
tempo, deixou o Vice-Prefeito sem o seu gabinete; agora, o Executivo,
resolvendo adotar o gabinete do Vice-Prefeito, tenho certeza de que esta Casa
aprovará, poderá recolocar as coisas nos lugares e continuar adotando, no
sentido de realizar uma legislação específica para esta Cidade, e adote uma
sinalização de trânsito. É nesse sentido que quero discorrer o meu
pronunciamento.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Serei breve no meu aparte, mas é o seguinte: eu
observei nos últimos dias, confesso que não vi antes, algumas placas de
sinalização com patrocínio, mais especificamente vi de duas empresas, placas da
Pepsi-Cola e da Brahma. E até como V. Exa. já havia comentado na semana passada
este assunto, fiquei a matutar com que autorização foi feito isso e não posso
deixar de falar no aspecto do Vice-Prefeito, apesar das palavras mal ditas
sobre a Câmara de Vereadores, nós vamos aprovar com todo o prazer, porque
sempre fomos a favor da criação do Gabinete do Vice-Prefeito.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, alguma coisa anda mal! Porque não é
possível, e V. Exa. lembra muito bem, que, quando do “Adote uma Praça”,
necessitávamos de placas e outros equipamentos para que pudesse uma empresa
particular adotar aquele dito equipamento, e nós tínhamos a preocupação de que
enormes placas iriam aparecer com propagandas das empresas em local municipal
que é proibido. Então, passou pela Casa autorização, e nós ficamos de fazer,
inclusive, a regulamentação da Lei em 10, 20 mãos coisa que não aconteceu.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Foi feita com alguma mão
desconhecida, apareceu por aqui sem que V. Exa., que tinha algumas idéias e
tinha o compromisso do Prefeito de que opinaria sobre a regulamentação, pudesse
opinar nem este Vereador e tantos outros.
O Sr. Aranha Filho: Existe a Lei do impacto
ambiental, que regula toda essa história. Aconteceu que uma empresa em
particular quis fazer um serviço de benemerência que foi salutar que são as
placas de ruas e, agora, V. Exa. nos dá conta de que, para a sinalização, já
existe patrocínio e não passou por esta Casa.
Se a Câmara de Vereadores, como um todo, não tomar uma posição, de
repente, Porto Alegre fica a Deus-dará. A Lei de impacto ambiental não é
utilizada pela Prefeitura, de forma que isso aqui vai ficar a Casa de ninguém.
O SR. FREDERICO BARBOSA: A grande preocupação que
existe, hoje, em Porto Alegre, depois desta chuva, como depois de todas as
chuvas, e como sempre acontece nesta Cidade, as sinaleiras estão por aí,
algumas, há muitas paralisadas, outras sem sintonia, acendendo de um lado para
o outro, causando verdadeiros e enormes engarrafamentos e problemas de trânsito
e perigo à comunidade. Eu não esqueço quando adverti o Executivo Municipal de
que alguma coisa iria acontecer se as sinaleiras continuassem apagadas. Quando
o problema era greve, era outro problema, era greve. E alertava de que poderiam
acontecer acidentes fatais, pois um acidente ocorreu na Beira-Rio com a
sinaleira apagada e ninguém foi responsabilizado. As sinaleiras não podem
continuar, e aí, Vereador, dando aparte a V. Exa., quem sabe, sem ser ovo de
Colombo, adotar uma sinalização pode resolver, porque sabemos que os cofres
públicos estão minguados e que precisam receber o apoio da comunidade. E não
entendo por que não se possa legislar no sentido de que uma faixa de segurança
seja patrocinada por empresa ou uma sinaleira que está com a lâmpada queimada e
muitas vezes a SMT tem problemas para repor e tantos outro problemas que
ocorrem com a sinalização de trânsito na nossa Capital. O que não pode
acontecer é que, a cada momento, a cada chuva, nós tenhamos congestionamentos,
nós tenhamos, como hoje mesmo recebi informação em grandes pontos de
confluência, como a Lomba do Pinheiro com a Bento Gonçalves, que tinha as suas
sinaleiras acesas dos 2 lados, como fui informado.
Tem que se ter uma solução para o problema, e esta solução tem que ser
rápida.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) É
apenas para dizer a V. Exa. que, com relação à criação do gabinete do
Vice-Prefeito, o PFL, independentemente de sigla, acha que é uma necessidade da
Cidade, porque hoje é PDT, amanhã é outro. Isto é uma coisa que está
suprapartidariamente colocado. Nós, do PFL, estamos apenas aguardando que o Sr.
Prefeito, evidentemente, remeta, e remeteu com algum atraso, um ano e meio de
atraso, e nós, que já tínhamos a predisposição de apoiar, continuamos a
discussão, embora os ataques do Sr. Ilustre Vice-Prefeito aos Vereadores,
inclusive do nosso Partido.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Agradeço o aparte de V. Exa.
e digo a V. Exa., apesar de o tema não ser este, que são irrelevantes, do meu
ponto de vista, os ataques do Vice-Prefeito. Estarei votando uma Lei criando o
gabinete do Vice-Prefeito de Porto Alegre, como disse a V. Exa., daqui a menos
de um ano e meio, não será o atual Vice-Prefeito e já cansei de dizer que tenho
vergonha, já que outros não tiveram, durante um ano e meio, de dizer que fui à
rua pedir votos ao Sr. Reginaldo Pujol, meu candidato a Vice-Prefeito, e que
poderia ter cometido o que o Partido do Governo cometeu: eleger um
Vice-Prefeito que nem gabinete tinha, nem assessoramento. Tenho vergonha de ser
um Vereador desta Cidade em que tem um Vice-Prefeito eleito sem ter condições
de trabalho. E por isso a votação é para o Vice-Prefeito e não para o Dr.
Glênio Peres, que, hoje, eventualmente, o terá durante algum tempo e curto
ainda, e que ficará à disposição o aparelhamento do Executivo Municipal de
Porto Alegre. Acho que esta Casa inclusive merece apoiar.
O Sr. Raul Casa: Apenas para complementar.
Considero o ex-Vereador Glênio Peres, meu colega de trabalho durante muitos
anos, um Vereador que sempre se destacou nesta Casa e eu realmente vejo que ele
está desarmado, está sem os instrumentos adequados para praticar o que ele
sempre pregou. O ex-Vereador Glênio Peres realmente foi um Vereador
extremamente dedicado e está marginalizado.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só pretendo fazer um apelo, para que este Projeto do
Executivo venha logo antes que termine o prazo do Sr. Prefeito e do
Vice-Prefeito.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sim, Vereador. Já está
tramitando na Casa, e nós vamos poder em breve dar tranqüilidade ao Sr.
Vice-Prefeito, até para que ele tenha tranqüilidade também nas suas afirmações
públicas. Encerro, dizendo que deverei estar junto com o Presidente da Comissão
de Transporte desta Casa, o Ver. Isaac Ainhorn, que, no momento, não está no
Plenário, às 16h30min com o Sr. Secretário dos Transportes, e espero levar
novamente minha apreensão como problema de sinalização. Além disso, a
solicitação que não deixarei de fazer até que tenha uma resposta, do
apressamento do estudo daquela sinalização que sugeri desta tribuna com o apoio
de tantos Vereadores, para que seja colocada diante das escolas em Porto
Alegre.
Era isso, Sra. Presidente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, por
transposição de tempo com o Ver. Mano José, o Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores. A propósito de mandato de Governador, de mandato de Prefeito, de
reeleição de Prefeito, eu, particularmente, sempre fui contra, pelo menos, não
me cheirava bem a reeleição de Executivos mas, maturando um pouco esta questão,
cheguei à conclusão de que é viável que se permita ao Executivo Municipal,
Estadual e à Presidência da República a possibilidade de reeleição. E vou mais
longe: acho que devem tentar suas reeleições sem se afastar dos seus cargos. Eu
acredito que está na hora de nós, brasileiros, assumirmos, de uma vez por
todas, seriedade no trato da questão eleitoral. Há uma chamada Lei das
Desincompatibilizações, que, teoricamente, é para evitar que o Prefeito, que o
Secretário de Estado, que o Governador, utilizem o cargo em benefício das suas
candidaturas. Então, ele é obrigado a sair 6 meses, 9 meses, 3 meses antes,
dependendo do cargo para o qual concorre na falsa suposição de que isso vai
limpar o processo eleitoral. É uma grossa ilusão, porque ele sempre deixa um
preposto que, além de não se sair bem - todo o preposto nunca se sai bem -
continua fazendo as piores coisas para mostrar serviço ao que saiu, tenta,
inclusive, tornar-se mais realista do que o rei. Agora, isso é falha, em
primeiro lugar, de uma herança cultural que recebemos que se traduziu - seria o
segundo lugar - na legislação. Veja bem, nós temos um Dep. Federal, Darcy
Pozza, que está para sofrer um processo criminal no Supremo Tribunal Federal,
porque tem foro especial, privilegiado, porque foi um Promotor do interior do
Estado. Pegou um cabo eleitoral seu vendendo uma rifa para angariar fundos. Li
nos jornais que o Dep. Estadual Mário Madureira do PMDB, também, está
enfrentando a mesma situação. Eu não conheço o Dep. Mário Madureira, até por
sinal não gosto muito dele politicamente, é até meio gratuito, mas é a forma
como ele age, acho-o um pouco demagogo. Mas conheço o Dep. Darcy Pozza, é um
homem rico. Quem dera, Vereador, que eu, por exemplo, pudesse dispor de 5% do
que dispõe o Dep. Darcy Pozza para a eleição. Mas ele é um homem rico porque
trabalhou, não é ladrão. É um homem que tem família, empresas, sempre
trabalharam, e descendente da colonização italiana. Vejam, o Dep. Darcy Pozza o
menos que precisa é de uma rifa para se eleger Dep. Federal e está sendo
processado porque fez uma rifa para isso. E aí é que está a questão: o ideal
seria que a única forma de se levantar recursos para as campanhas eleitorais
fosse, exatamente, através de rifas entre os simpatizantes, porque os outros
recursos, os que não aparecem nas contabilidades, os recursos escusos, os
recursos da madrugada, estes é que sujam o processo eleitoral. Mas,
lamentavelmente, por defeito de uma Legislação caolha, dois Deputados vão ser
processados por terem feito uma rifa para angariar fundos para as suas
campanhas eleitorais. Se qualquer um dos dois receber por baixo 1 milhão de
dólares de qualquer grupo econômico, de qualquer multinacional para defender
interesses escusos nas assembléias, tudo bem! Agora, fazer uma rifa para
angariar recursos não pode, a Lei não permite. Então, efetivamente, eu acho que
está na hora de nós tratarmos da questão com mais seriedade, vamos deixar que o
Prefeito, o Governador, o Presidente da República concorram as eleições no
cargo como é nos países civilizados. O Presidente dos Estados Unidos concorre à
eleição sem sair do cargo, agora ai dele se gastar um tostão dos cofres
públicos para a sua campanha eleitoral. Nós temos exemplos de viagens do
Presidente da República que vai a uma atividade presidencial, no avião
presidencial até uma determinada cidade e dali anda mais uma hora de vôo em
atividade política e o Tesouro lhe faz recolher o custo daquela viagem. E assim
é que tem que ser feito. E aquele que colocar a mão em recursos que não são
seus, que são do povo, para a sua campanha eleitoral, deve ser cassado e
impedido de concorrer. É assim que as coisas devem proceder e não se tentar,
através de uma Legislação errada, falha, caolha, que não contribui em nada para
o processo eleitoral, ao contrário, torna-o impraticável em termos de
fiscalização.
Por isso, é que eu quero-me manifestar, como disse, maturei bastante
esta questão. Não era uma questão que me alegrava muito, mas acho que é hora de
permitirmos que os Executivos possam tentar as suas reeleições. Até porque, em
Porto Alegre, vai ser uma beleza se o Prefeito Alceu Collares concorrer à
reeleição. Aí vamos ver o que os políticos, efetivamente, estão a pensar da
Administração Socialista da Cidade. Os funcionários públicos municipais nós já
sabemos o que pensam, pelo menos eles dizem abertamente nas reuniões, nas
assembléias que fazem. E os munícipes, aqueles que nos visitam também têm
afirmado. Mas vamos aguardar para, quem sabe, numa eleição em que S. Exa.
concorra, o munícipe possa efetivamente mostrar o que pensa da atual
Administração. A propósito da atual Administração, mais uma vez a Cidade
enfrenta os tradicionais, antigos problemas dos alagamentos. A cada chuvinha já
se formam não poças de água, formam-se rios de água. E nós votamos nesta Casa
há dois, três meses, uma reestruturação no DEP, que, segundo justificativa do
seu dinâmico Diretor, era exatamente com o objetivo de atacar a limpeza e a
manutenção permanente dos bueiros e esgotos pluviais da Cidade. Pois parece que
S. Exa. ainda não conseguiu implantar aquela enorme estrutura administrativa
que a Casa lhe colocou às mãos. Os Vereadores lhe deram cargos, deram-lhe
funcionários, chefias e, lamentavelmente, os alagamentos continuam, a Cidade
não recebeu ainda o tratamento adequado nesta questão. Eu não estou aqui a
exigir um Plano Diretor no que se refere a esgotos, porque sei que isso custa
dinheiro, e o Município não o tem. Mas poderia ser melhorado o atendimento,
isso poderia, na ampliação de turmas de trabalho, limpar, com maior freqüência,
os bueiro, de forma que, a qualquer chuvinha, pelo o bueiro cumprisse a sua
função fundamental, que é a de dar o escoamento. A propósito, já é hora de se
começar a pensar na criação de uma empresa única que trate do lixo, esgotos
pluvial e cloacal. Não é possível mais que, alguém jogando um sofá em um lugar,
é o DMLU que deve recolhê-lo; o lixo que entope, é o DEP que tem a competência,
porque está dentro do bueiro; mas, se estiver o lixo fora do bueiro, é da
alçada do DMLU. Assim, são as praças. Não é de agora esse problema, ele vem de
outras administrações, há tempo, inclusive na nossa. A praça é da SMAM, mas os
equipamentos são da SMEC. Agora, a luz é da SMOV. É hora de os técnicos do
Município, cujo o corpo técnico, felizmente, é qualificado, de começar a pensar
em alternativas novas, qual seja, a de, num primeiro momento, numa coordenação
central, para evoluirmos para uma empresa ou para um órgão único do Município
que tratasse do recolhimento e tratamento do lixo, da limpeza e manutenção de
esgotos, tratamento e distribuição de água. A junção dessas atividades, num só
órgão, trará economia imensa à Cidade e, com os recursos advindos dessa
economia, poder-se-á fazer pequenas e, quem sabe, alguma grande obra que a
Cidade está a reclamar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PDT, Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, é tradicional
que a Cidade de Porto Alegre sofra os rigores do inverno, inclusive, com
alagamentos em diversos bairros e zonas do Centro da cidade e principalmente da
Cidade Baixa. Mas verifica-se que providências tomadas nos últimos meses pelo
DEP, um organismo com baixo orçamento, nós não encontramos mais, apesar de toda
a chuva, aqueles bolsões de água que impossibilitam, inclusive, o trânsito
diário.
Nós sabemos que a posição de Porto Alegre, com relação ao rio Guaíba,
faz com que, quando o rio enche, a água da Cidade não pode dar vazão dentro do
rio, por que encontra uma barreira hídrica, fazendo com que a água volte pelo
bueiros e subindo de nível.
Nós sabemos que o próprio Arroio Dilúvio, quando há muita chuva, tem
problemas de vazão. E algumas pontes sobre o Arroio Dilúvio, como a Ponte da
Azenha, oferecem perigo nessas épocas. É verdade que, há alguns anos atrás,
três anos, aproximadamente, o Executivo mandou reforçar a Ponte da Azenha, que
mais oferece perigo nestas épocas, e de grande importância no sistema viário.
Tem preocupado a Administração Municipal fazer com que o tráfego de
superfície, numa Cidade não-planejada, como Porto Alegre, tenha um melhor
desempenho. Sabemos que, quando uma cidade atinge um milhão de habitantes,
aproximadamente, a solução é limpar o tráfego de superfície, fazendo,
principalmente, com que as vias públicas fiquem mais livres e diminua a
poluição, diminuindo os gases queimados e preparados pelo carburadores, que são
lançados na atmosfera. O tráfego de Porto Alegre, um dos sistemas da Cidade, é
um grande problema pelo seu próprio formato geográfico. E a Secretaria
Municipal dos Transportes procura encontrar aquela solução técnica e,
inclusive, aproveitando a providência do técnico popular, do morador, das
associações e dos demais segmentos da sociedade. É o caso, por exemplo, da alta
velocidade nas vias públicas, sem discutir a tutela legal da implantação dos
chamados quebra-molas, designado pelos gaúchos, os catarinenses chamam de
lombadas e o carioca apelidou de baiano deitado. Existem em todo o Brasil.
Hoje, as cidades com grande fluxo viário não têm mais como fugir a esta segurança,
frente às escolas, frente às fábricas, como ocorre em Florianópolis, com a
construção das chamadas lombadas, devidamente sinalizadas e a sinalização diz:
“a 100 metros lombada”, e está ali o desenho da lombada. Com isto, o motorista
fica sabendo que a 100 metros há aquilo que o gaúcho chama de quebra-molas.
Ora, nós sabemos que, se nos pegarmos na letra fria da lei e das leis, muitas
providências, talvez, não possam ser tomadas. Acho que, quando o Prefeito Alceu
Collares decidiu que em frente a algumas escolas - quero grifar algumas, porque
são as que possuem grande número de alunos -, onde historicamente está provado
tristemente que muitos alunos perderam a vida ao atravessarem estas avenidas.
Srs. Vereadores, eu dizia na sexta-feira ao Prefeito Municipal que tenho
certeza absoluta de que esta Casa, representação popular legítima, oriunda das
urnas, dará o apoio necessário às providências que a Secretaria dos Transportes
esta tomando. A comunidade está pedindo as lombadas, os quebra-molas, mas como
uma segurança para os alunos frente às escolas. A construção dessas lombadas
vão continuar frente a estas escolas com grande número de alunos. O Executivo
espera o apoio desta Casa para esta idéia que tem o grande mérito que é de
proteger a vida das crianças. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha): Liderança
com o PMDB. Com a palavra, o Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Ver. Frederico Barbosa levantou um tema de sinalização, aqui,
nesta tribuna, e, ao ser aparteado pelo Ver. Aranha Filho, trouxe-me ao
pensamento uma constatação e uma preocupação que venho tendo em relação a este
problema visual da Cidade. Mais especificamente o problema da poluição visual
com anúncios espalhados pela Cidade.
Um desses tipos de anúncios está sendo testado na esquina da Rua 24 de
Outubro com a Av. Goethe. Uma parada de ônibus aonde já foi pintado três vezes.
Eu entendo que a busca da Secretaria Municipal de Transportes de modernizar e
fazer novas paradas, novos abrigos, é interessante para a Cidade. Agora,
quer-me parecer que o caminho inicial sempre é a Secretaria de Planejamento,
que, mediante o modelo, vai analisar qual é o impacto visual que existe em
torno daquela idéia. Eu digo Secretaria de Planejamento na concepção e SMAM
quanto ao visual. Veja, ilustre Ver. Aranha Filho, que, há poucos dias, fui à
SMAM, e fui surpreendido ao saber que aqueles grandes anúncios que estão
distribuídos largamente pela Cidade, alguns ocupando próprios particulares e
outros ocupando próprios públicos, especialmente com propaganda de marcas de
cigarros, aqueles anúncios, para minha surpresa, não foram analisados sob o
impacto visual e ambiental dos mesmos pela Secretaria correspondente ao Meio
Ambiente. Não passou absolutamente nada por lá. A minha preocupação maior
ainda, Ver. Aranha Filho, é sobre a 24 de Outubro, entre a Miguel Tostes e
Mariante, colocaram, num terreno particular, um enorme desses anúncios, à
altura da janela do primeiro andar do edifício ao lado, que, simplesmente,
ficou com a sua visão totalmente tolhida por aquele monstro preto que
instalaram ali. Fico pensando que o proprietário ainda não tomou providências
judiciais. Quer-me parecer que, além dessa agressão visual, esse tipo de
equipamento colocado na Cidade precisaria ter o seu impacto visual devidamente
avaliado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente. E, para minha surpresa,
não o foi, bem como, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, até hoje não tomei
conhecimento, também, da concorrência pública que foi feita para a instalação
desse tipo de equipamento. Deve parecer que esse tipo de instalação de
equipamento pela Cidade deveria ter uma manifestação aqui na Câmara de
Vereadores. Mas estão eles espalhados pela Cidade, sem que nós, Vereadores, saibamos
como é que foi escolhida a empresa que distribuiu esses equipamentos visuais de
propaganda, e sem saber da verdadeira influência em termos de impacto visual,
avaliada pela Secretaria correspondente. Era isso que eu queria colocar aqui,
Sra. Presidenta, neste tempo de Liderança do PMDB. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 15h49min.)
* * * * *